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segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Não estou acostumado a ver jovens como você...

Parte II

Esporte, afetos e... uma viagem decisiva         

Santo Agostino repetia muito que "o amor nos torna belos". Chiara é, de fato, revestida da beleza evangélica, mesmo se naturalmente já é uma jovem bela. Chiara é uma menina cheia de energia e tem um caráter bem definido. Mas, nas suas fotos o que mais atrai é o seu olhar, nem retraído nem agressivo. Apenas límpido.
 
A adolescência transcorre na normalidade mais absoluta. Em 1985, vai com a sua família para outra cidade a fim de cursar o ginásio. Apesar do empenho, é reprovada na oitava série. Isso a faz sofrer muito.
Muitos rapazes se interessam por ela, mas ela é uma sonhadora. Algumas vezes, olhando para um ou outro, diz à amiga: "Aquele me agrada". Nada além disso.
 
Verão de 1988. Pouco depois de saber que tinha sido reprovada em matemática, acompanha um grupo de crianças, as Gen 4, a um congresso em Roma. Sente o coração apertado por ter sido reprovada, mas não dá sinais de tristeza. Escreve aos pais: "Chegou um momento muito importante: o encontro com Jesus Abandonado. Abraçá-lo não foi fácil; mas esta manhã Chiara Lubich explicou às Gen 4 que ele deve ser o esposo delas".
 
Chiara Badano mantém com Chiara Lubich, fundadora do Movimento dos Focolares, uma densa correspondência, ma, sobretudo, um relacionamento intenso e vital até o fim, quando dirá: "Devo tudo a Deus e a Chiara". Quando lhe pediu um "nome novo", um programa de vida, a resposta foi "Chiara Luce", 'Clara Luz'. Era para lembrar que sua vida deveria ser expressão da luz de Deus .

O diagnóstico imprevisível
   
Um fato imprevisível. Ao jogar tênis, Chiara sente uma forte dor no ombro. De início, nem ela nem os médicos dão grande importância. Mas as dores continuam e ela precisa fazer exames mais aprofundados. O diagnóstico: sarcoma osteogênico com metástase, um dos tipos mais graves e dolorosos de tumor. Depois de um longo silêncio, sem choro nem rebelião, Chiara acolhe a notícia com coragem: "Eu vou suportar. Sou jovem", diz. Seu pai comenta, depois: "Tínhamos a certeza de que Jesus estava em nosso meio. Ele nos dava forças". Começa uma profunda transformação, uma rápida escalada à santidade.
   Os tratamentos iniciam e o altruísmo de Chiara chama a atenção. Descuidando-se do repouso, sai da cama e, apesar da dor intensa provocada pela grande calosidade óssea nas costas, se dedica a uma jovem toxicodependente deprimida, acompanhando-a por toda parte: "Depois eu encontro um tempo para dormir", afirmava ela.
E um dos médicos, Antonio Delogu: "Chiara demonstra com seu sorriso, com seus grandes olhos luminosos, que a morte não existe; existe somente a vida".  Nos meses seguintes, Chiara enfrenta duas dolorosas operações. A quimioterapia causa a queda dos cabelos, o que a faz sofrer bastante. A cada cacho de cabelo que perde, repete um simples mas intenso: "Por ti, Jesus". Os pais, sempre presentes, lembram a ela que sob aqueles sofrimentos existe um misterioso desígnio de Deus.
   A um amigo, que partia para uma missão humanitária na África, ela doa todo o dinheiro que havia economizado, dizendo: "Para mim não serve, eu tenho tudo".


Nada de morfina. "Por mais um pouco de tempo, quero dividir a cruz com Ele"
    
Chiara narra como enfrentou uma dolorosa biópsia: "Quando os médicos começaram a fazer a cirurgia - pequena mas muito incômoda -, chegou uma pessoa, uma senhora, com um sorriso muito luminoso; era linda. Aproximou-se de mim, segurou minha mão e infundiu coragem ao meu coração. Do mesmo modo que chegou, também desapareceu: não a vi mais. Fui invadida por uma alegria imensa, e o medo que eu sentia desapareceu. Naquela ocasião entendi que, se estivéssemos sempre prontos a tudo, Deus nos mandaria muitos sinais".
   Aos poucos, Chiara perde os movimentos das pernas. Afirma: "Se eu tivesse que escolher entre caminhar ou ir para o paraíso, escolheria essa última possibilidade". Não há mais esperança de cura. Chega o momento da provação, que é intensa. Mas ela não se rende, ajudada também por Chiara Lubich, que lhe escreve: "Deus tem um amor imenso por você e quer penetrar no íntimo da sua alma e fazer com que você experimente gotas de céu". Apesar das dores intensas, recusa a morfina para se manter consciente de seus atos e explica: "Não quero perder a lucidez, porque a única coisa que posso fazer é oferecer a dor a Jesus. Quero compartilhar com ele, ainda por um pouco, a sua cruz".
   Chiara Luce já se comporta como uma pessoa espiritualmente madura. Um médico, Fabio De Marzi, lhe escreve: "Não estou acostumado a ver jovens como você. Sempre encarei a sua idade como o tempo das grandes emoções, das alegrias intensas, dos grandes entusiasmos. Você me ensinou que esta é, também, a idade de uma maturidade absoluta".
   

Fonte:http://focolare.org/br/sif/2000/20000314pt_b.html